Resposta a todos aqueles que comentaram o meu último post
Fiquei agradavelmente surpreendida quando, depois de um dia de ausência, verifiquei que o meu último post suscitou uma discussão tão acalorada. Infelizmente, ainda há muitas pessoas que têm uma falsa ideia do que é ser professor porque, em boa verdade, ser um professor responsável é uma tarefa muito complicada. Destaco a expressão «professor responsável» porque é exactamente aí que reside, na minha opinião, toda a questão. Para aqueles que não preparam aulas, que demoram um mês a entregar os testes aos alunos, que faltam quando lhes dói a unha do pé e que chegam às reuniões de avaliação e ali, quase de improviso, avaliam um aluno, para esses a vida de professor é ouro sobre azul. Aqueles que são professores sabem do que eu falo e aqueles que não o são é importante que o fiquem a saber porque, infelizmente, também há na nossa classe péssimos profissionais, tal como existem noutras profissões. Agora para quem entende que ser professor é uma tarefa que implica uma enorme responsabilidade, o trabalho é árduo. Sim, temos férias de Natal, de Páscoa que, em muitos casos, servem para planificar atempadamente as actividades para o próximo período; servem também para lermos, pesquisarmos para que possamos transmitir o melhor que nos é possível conhecimentos aos nossos alunos. Só assim é que eu concebo o que é ser professor. Acreditem ou não (de todos vocês a única pessoa que me conhece pessoalmente é a minha amiga Arte Minorca e, portanto, ela é o meu garante de verdade) todos os anos eu planifico de novo aquilo que vou leccionar. Podia não o fazer; os conteúdos do programa curricular são mais ou menos os mesmos há alguns anos. Mas todos os anos eu aprendo mais um pouco, todos os anos eu evoluo mais um bocadinho e é minha obrigação usar isso em prol dos meus alunos. É que um bocadinho do futuro deles também está nas minhas mãos. Mas tudo isto dá muito trabalho; não aparece feito do nada. Às vezes, demoro mais de uma hora só para encontrar um texto certo que quero dar aos alunos. Como dizia a Arte Minorca, também eu não me importo de passar oito horas na escola, se me oferecerem condições para que eu possa desenvolver trabalho a favor dos alunos. Mas a realidade é outra: salas de professores atulhadas sem sítio onde possamos calmamente, por exemplo, corrigir testes; gabinetes de trabalho inexistentes; escolas sem aquecimento onde no Inverno os pés nos gelam (quando se está a dar aulas a 50Km de casa, o que para um professor até é perto, ninguém vai a casa a meio do dia; ficamos na escola das oito e meia da manhã às seis e meia da tarde e se tiver que ser completamente gelados). Também não é fácil para quem está deslocado da família, não só pelos evidentes aspectos afectivos mas igualmente pelas questões económicas. Qualquer quadro de uma empresa ganha muito mais do que um professor e não tem que gastar balúrdios em gasolina nem que sustentar duas casas. Enfim, mas isso já toda a gente sabe. A profissão de professor é muito desgastante a todos os níveis. Não é fácil enfrentar turmas de 30 alunos, tentar fazer cumprir regras, transmitir-lhes alguns valores e, se possível, ensinar-lhes alguma coisa. Às vezes, o panorama é tão mau que nós já ficamos felizes se, pelo menos, lhes conseguimos transmitir alguns valores e princípios fundamentais (atenção, estou a falar da minha disciplina).
Arte Minorca e 22, palavras para quê? Vocês sabem exactamente do que estou a falar. 22, por acaso, não darás aulas na tua cidade?...
Lois, vou bater-te mas só um bocadinho. Se calhar, os exemplos que tens não são os mais felizes. Como eu disse, para muitos, ser professor é sinónimo de fazer muito pouco. Também tu sabes o que é o trabalho de casa por isso consegues colocar-te na nossa pele. Podes sempre expressar as tuas opiniões no meu espaço. Gosto da tua irreverência!
Xica, é bem verdade que quando saímos da faculdade somos atirados às feras. O que lá nos ensinam tem muito pouco a ver com a realidade. Infelizmente, os nossos cursos ainda são muito académicos .
Taizinha, obrigada pela tua informação. Aparece sempre que quiseres porque serás muito bem vinda.
Conde, infelizmente quando o motor gripa o carro não pode andar. Desculpa o vulgar linguajar. Uma vénia.
Queria agradecer a todos que comentam os meus posts e dizer que acho que os blogs também servem para isto: uma troca profícua de ideias. Quero acrescentar que, doravante, responderei pessoalmente a cada um de vós no "comment". O post "Um aluno especial" continuará amanhã... talvez...
Love and light!
17 Comments:
Muito bem, gostei da tua exposição :) Não dou aulas em Aveiro, mas tb não estou longe. Estou a cerca de 10 kms de casa :)
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Olá!! (apresentação clara após uma breve reflexão)
Gostei muito do teu (se é que permite a utilização) blog.. confesso que o post do Gil Vicente me chamou logo e mais a atenção mas logo constatei que de equívocos este blog tinha muito pouco.. adorei a clareza e a exposição dos dados, das opiniões, etcetera.. mas fiquei particularmente surpreendido(a)/(os) com as várias temáticas que "nos" ofereces.. obrigado
beijos
p.s.- desculpa a "exclusão".. erro humano
22
Eu também estou mais ou menos a 10 km de casa. Será a mesma escola? Fica no segredo dos deuses...
Um beijo!
nos os tres e a carrapa
Já tinha lido comentários teus aos posts da Arte Minorca. Obrigada pela tua visita e pelos amáveis elogios. Volta sempre que quiseres.
Fica bem!
Visconde,
Mais uma vez troquei-te o título. Claro que fizeste muito bem ao decidir não ser professor de História. É muito melhor ser um Visconde. Uma vénia!
Às vezes já me faltam as forças para discutir com quem diz que a vida de professor é santa. Tivessem eles 7 turmas mais direcção de turma durante um ano ou mesmo apenas durante um mês de certeza que mudavam de ideias rapidamente.
O chato é que geralmente falam apenas com inveja do que não podem ter ou do que acham que são as coisas. Não falem sem experimentar ou ter conhecimento de causa.
Professorinha
É exactamente isso. Bastaria que dessem aulas durante uma semana para ficarem de cabelos em pé!
Ora nem mais! Mas os "outros" não percebem...
Pa-ciencia,
Mas deviam fazer um esforço para tentar perceber....
Lá voltamos outra x ao mesmo, INVEJA ???? essa foi d +
Falámos dos problemas e chegámos ao consenso que efectivamente existem péssimos profissionais em todas as classes, mais ainda, de uma associação sindical na Vossa classe que luta pelos direitos adquiridos e obsoletos, que nada dignifica a Vossa imagem, essa mesmo, a tal que o senso comum tem de Vós: o povo; os não Profs.
Pois, logo por acréscimo os tipos que veêm as coisas dessa forma são INVEJOSOS e DESCONHECEDORES da DÍFICIL vida que é dar aulas !
Desculpem, mas pela mesma ordem de razão posso dizer: se não gostam, dediquem-se à investigação, para não dizer outra coisa, correcto ?
A situação é esta: o sector da educação está de rastos e eu não atribuo as culpas apenas e só a um dos agentes do mesmo, não, tb Vos culpo, assim como me culpo a mim pelo país que tenho e que podia ser melhor !
Não me irei alongar muito mais neste tema pois seria demasiado repetitivo.
O INVEJOSO
LoiS
OLá querida Jade!
Foste muito mais clara do que eu. Tu sabes como eu sou quando me enervo, sou muito emotiva e depois sai tudo muito mais confuso.
Sim, gostaria de ver, sobretudo quem está na calma de um escritório ou metido num guichet, ter de 90 em 90 minutos atender não um mas 30 pessoas ao mesmo tempo!
Mas, também acho que devemos ser nós, pelo exemplo de responsabilidade e através de um discurso pedagógico que podemos mudar mentalidades, as dos alunos e a da opinião pública em geral. Explicar, explicar muito o que é a nossa profissão e demonstrar por factos que somos profissionais imprescindíveis ao avanço social.
Abraço amigo e solidário!! Lu
PS - Podes aceitar "nós os três", meus queridos ex-alunos e agora amigos muito queridos!
Lois,
Parece-me que não entendeste o que eu quis dizer. 1º Não sei a que direitos adquiridos e obsoletos te referes; 2º se sentes inveja, o problema não é meu; 3º É difícil dar aulas mas quando se gosta do que se faz é um prazer; 4º Por favor, não fales alto.
Beijos aristotélicos que é o mesmo que dizer em repouso
Arte Minorca,
Sabes que mais? Não me apetece falar mais no assunto. Obrigada pela dica de nós os três.
Um beijo!
As minhas desculpas por falar alto, penitência socrática ( juro-te q n sei o isto seja ) ;)
" ... O chato é que geralmente falam apenas com inveja ... "
Love and Light ;)
Lois,
Desculpa mas há pouco irritaste-me.
Mas tal como me irrito facilmente também sou rápida a esquecer.
Falemos de outras coisas. Penso que o essencial da questão ficou esclarecido.
Love and light também para ti!
Tenho esse dom, confesso que também faço por isso, a minha "guru" espiritual diz que é por ser do signo que sou ;)
Novamente as minhas desculpas se te magoei no teu espaço.
Mas grande nobreza e alteza de espirito demontras em conjunto com a Arteminorca ;)
Love and light ;)
Não sabia que eras de Aveiro. Não deve ser a mesma escola. Se na foto, apesar de incompleta, és tu, não há nenhuma prof de filosofia parecida contigo :)
22,
Na foto, ainda que incompleta, sou mesmo eu. Como já anteriormente disse, a Arte Minorca que me conhece não me deixa mentir. Um beijo!
Deixe um comentário
<< Home