segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro

Faz hoje cinco anos que a tragédia aconteceu. Eu, tal como muitas pessoas, nunca mais vou esquecer aquele dia que ficou marcado pelas piores razões possíveis. Há cinco anos atrás estava eu a almoçar em casa de uma amiga, completamente alheada à desgraça que se abatia sobre um outro país. Foi através de um telefonema que soubemos o que estava a acontecer. Corremos para a televisão a tempo de ver ainda o segundo avião a embater contra uma das torres do WTC. O José Rodrigues dos Santos estava com um ar completamente desnorteado e nós não abandonámos mais a televisão, ansiosas por tentar perceber o que se estava a passar. Os dias seguintes pertencem à história. Nesse ano, quando as aulas começaram, os alunos pareciam mais interessados em falar de Bin Laden do que em tentar perceber aquela imensa tragédia humana.
De facto, para muitos Bin Laden tornou-se num herói e num mentor. Não posso esquecer as imagens de alguns muçulmanos a festejar aquele golpe infligido, particularmente, aos EUA mas também a toda a humanidade. Não sei muito bem de onde provém o ódio profundo que muitos muçulmanos nutrem contra o Ocidente, aliás não entendo esta clivagem entre Oriente e Ocidente. Obviamente que são duas culturas com raízes históricas e religiosas diversas, mas parece que em determinado momento a diferença se transformou em ódio. Também não quero com isto afirmar que todos os muçulmanos são maus; não partilho da visão maniqueísta que muitos parecem querer fazer passar. Veja-se o exemplo dos filmes americanos onde o arábe é quase sempre mau (atenção, arábe e não muçulmano; nem todos os arábes são muçulmanos e nem todos os muçulmanos são necessariamente maus). Atente-se igualmente a alguma comunicação social que, muitas vezes, passa informações sobre o Islão que não são correctas, aumentando, porventura, a incompreensão face àquela religião. O exemplo mais flagrante é o termo «jiad» que é sistematicamente traduzido por «guerra santa» quando, na realidade, o termo quer dizer «esforço feito sobre si próprio para se tornar melhor». No entanto, também é verdade que alguns líderes islâmicos radicais adulteram a seu bel-prazer o que está escrito no Corão, para conseguirem os seus intentos. O obrigação do uso de véu por parte das mulheres muçulmanas é outra fabricação; em nenhuma parte do Corão é afirmada a obrigatoriedade do uso do véu; trata-se apenas de uma recomendação. Se fosse uma obrigação teria necessariamente que estar associada uma punição e tal não se verifica. Este hiato existente entre Oriente e Ocidente não me parece ser alimentado apenas por uma facção. Não é com constantes provocações e com políticas imperialistas que se pode resolver o problema. Na minha modesta opinião, os EUA e, em especial, este presidente, muito têm contribuído para adensar o fosso existente. Mas não vou entrar em assuntos acerca dos quais pouco percebo; deixo isso para os especialistas na matéria que, por sinal, até são muitos. Este post serve apenas para homenagear as vítimas do onze de Setembro.
Love and light para todos os que pereceram!

17 Comments:

Blogger Xica said...

Jade
Tb me lembro bem desse dia e de à hora de almoço estar a ver estas imagens. A 1ª impressão q tive foi a de q tinha sido 1 acidente, mas depressa começaram a difundir a ideia de ataque terrorista.
Confesso q ñ simpatizo particularmente c os norte americanos em geral e em particular c o seu presidente, mas, é claro, q lamentei o ocorrido.
Por outro lado ñ consigo entender muitas das atitudes dos povos mulçumanos, mas tal facto é mais expectável na medida em q a educação deles é, de longe, bem mais diferente da q a sociedade em q vivo me passou.Como ñ sou crente de religião alguma ainda me custa mais aceitar determinadas coisas. Mas, por vezes, sinto-me tentada a considerar ainda menos legítimas as mortes (mas nenhumas o são, claro) perpetradas pelos EUA alegando motivos humanos qd na verdade são meramente económicos e por controlo do mundo.
A nossa opinião é muito manipulada pelos media, e o meu receio é tomar posições erradas com base na informação q recebo. Mas há determinadas coisas q só não vê quem não quer.
Bem, mas falo, falo e acho q não chego a conclusão nenhuma. Infelizmente acho q não há conclusão nenhuma a tirar. São as certezas q fazem as guerras e, por mais q eu gostasse de ter muitas, neste caso apenas me vem à cabeça: os senhores da guerra de um lado e senhores da guerra do outro querem fazer um braço de ferro pelo poder no mundo, pelo seu lugar na história. Não lhes importa q simples desconhecidos paguem o preço dos seus caprichos.

6:13 da tarde  
Blogger Xica said...

Beijito e obrigada pela tua visita -já te respondi lá (esqueci-me desta parte).

6:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Nada é mais lógico do que a perseguição. A tolerância religiosa é uma espécie de falta de fé" Este senhor deve estar a ver mais longe que nós. Frio mas bastante realista, parece-me (e isto não de um elogio).
Quanto ao 11 de Setembro, só tenho pena das vitímas que nada têm a ver com o confronto político que causou este atentado. É engraçado pensar que os EUA foram atacados com o armamento que eles próprios venderam ao senhor Bin Laden.
Ah!, discordo quanto dizes que "nem todos os muçulmanos são maus", pois partes do príncipio que a maioria o é. E depois é o velho pensamente Ocidental, de que os cristãos (e protestantes) são os bons e os muçulmanos os maus, mas entre muçulmanos há uns quantos que não são maus. Quanto ao facto de os muçulmanos interpretarem o Corão como melhor lhes convem, não é surpresa nenhuma, aliás, basta ver o modo como os cristãos interpretam a Bíblia, é rigorosamente a mesma coisa. (Não pretendo com isto defender a religião muçulmana, uma vez que sou ateia, apenas pretendo mostrar que é destes pequenos juízos de valores que nascem os preconceitos).
Acho que nesta questão não há inocentes, e os EU não são vítimas nenhumas, eles apenas colheram aquilo que andavam a semear há tempos. A mania que eles têm que são os donos do mundo só leva a surgiram inimizades. E claro, a medida que o senhor Bush arranjou para "combater o terrorismo", segundo o próprio, é um ultraje à inteligência de qualquer cidadão e uma medida que só serve para vincular ódios e gerar ainda mais terrorismo.
No fim disto tudo, fica a sensação de que nada sabemos sobre o assunto, embora haja um sem-fim de opiniões e teorias.

Gostei do blog! Bjs

8:08 da tarde  
Blogger vinte e dois said...

Cara Jade.
Desde os acontecimento do 11/9 que tenho uma opinião minimamente formada sobre este assunto. E cada vez mais as investigações que têm sido feitas apontam neste sentido: os atentados vieram do interior dos Estados Unidos (do próprio governo) com uma única finalidade, justificar as diferentes guerras que têm sido travadas desde então contra paises árabes. E quem viu o documentário ontem no canal 1 ficou com poucas dúvidas em relação a esta teoria...

9:04 da tarde  
Blogger Marco Aurélio said...

Jade

Acho que os Ianques deviam se lembrar também dos mortos do Vietnã, Iraque, da Nicarágua, e de outras matanças que eles promoveram. Sem falar nos regimes ditatoriais que se instalaram na América Latina com o apóio do Tio Sam. O número de vítimas foi bem mais elevado do que a dos atentados as torres gêmeas. De qualquer jeito sempre os inocentes é que morrem, como no caso do WTC.

Um abraço

Marco Aurélio

11:42 da tarde  
Blogger Prof said...

Anónimo,
Não parto do princípio que todos os muçulmanos são maus até porque afirmo que não acredito numa visão maniqueísta, ou seja, de um lado os cristãos bons (como tu dizes) e de outro lado os muçulmanos maus. É verdade que os EUA, eventualmente, colheram o que semearam, mas o problema é que foram os inocentes a pagar. Obrigada pelo elogio ao blog. Aparece sempre.

22,
Por acaso não vi o documentário por isso não me posso pronunciar. É provável que assim o seja...
Um beijo!

11:47 da tarde  
Blogger A Professorinha said...

NADA justifica um ataque como o que aconteceu. NADA justifica a morte de quem morreu. NADA justifica a dor do que se seguiu.

Beijos

11:55 da tarde  
Blogger LoiS said...

Homenageio sim sinhora, mas nem sei o que te diga em relação a este estigma ocidente-oriente...tanta coisa me vai na alma !

1:58 da manhã  
Blogger LoiS said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:58 da manhã  
Blogger Nós_os_Três e a Carrapa said...

Depois da 2ª guerra Mundial ou da II Guerra Mundial, porque ao que parece com "pauzinhos" fica mais giro, o senhor G. Bush (conhecido na giria por "Bush pai" ou "Paizão") anunciou com rubras bochechas o fim de uma Era de terror e o consequente início de uma "Nova Ordem Mundial", onde reinasse a paz, a liberdade, o respeito, etc cetera. Ao vermos o filho na nossa televisão, na salinha, conseguimos ver que "Bush filho" é um maroto de primeira e, face ao que vivemos actualmente podemos tirar duas grandes conclusões: seu pai, o tal "Big G Bush", foi um pessegueiro mentiroso e, como dizia a minha querida avó, um calaceir(ote).. ou por conseguinte, seu filho "little Bush" destruiu o que o pai tanto ou nada demorou a edificar. E lá vamos vivendo e, de vez enquando, lá aparecem as duas bandeirolas em cujos princípios assentam na liberdade, igualdade e fraternidade (sim, lema da revolução francesa mas também da americana).. o que é estranho é que à cambada de terroristas que saem todos os dias da boca do Mister President a tarefa tornou-se num trabalho hercúleo.. vamos ver, vamos ver..

Gostei muito Jade, novamente..

Beijo

11:49 da tarde  
Blogger Prof said...

Nos tres,
Concordo com a tua análise. De um ao outro venha o diabo e escolha.
Obrigada pelo elogio.
Um beijo!

11:03 da manhã  
Blogger Xica said...

Já tarda um post teu (agora é assim: sp à espera). Já começaram as aulas e/ou a sua preparação? Beijitos.

4:51 da tarde  
Blogger «« said...

sabes há um filme do nosso heroi stalone, que se passa no afghanistão e os maus são os russos então sovieticos e os bons os talibans....eh eh

12:15 da manhã  
Blogger Prof said...

Xica, a resposta está nos commments do post anterior. Enganei-me ao responder...
Um bj!

11:13 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É o interculturalismo do qual estamos tão distante!!!!
A fome de poder, dinheiro, petróleo, estatuto... Em pequena escala é só analisar as relaçõs de poder nas empresas, nas escolas, em casa. Depois aumenta-se a dose de ódio, de interesses, de violência. O ser humano é assim à pequena ou grande escala, a começar por mim. Todos os egoísmozinhos... Temos de evoluir muito. Já repararam que na era em que a ciência prolonga a vida a morte provocada em guerras é cada vez em maior escala?! Isto é um absurdo mas é verdade!
Condeno tudo isso mas a luta faço-a, todos os dias, para conseguir ser mais tolerante com os outros e, até, comigo própria!
Beijinhos!

12:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não concordo que se mate por qualquer motivo e por isso ainda me faz mais impressão que se use o nome de Deus para o fazer.
Nã conordo com qualquer fundamentalismo seja ele muçulmano ou cristão.
De qualquer forma esatmos a chegar a uma fase em que a nossa liberdade de expressão começa a ficar condicionada pois qualquer coisa que se diga pode provocar a ira de extremistas. Ver o que se está a passar com o Papa.

3:58 da tarde  
Blogger Nuno Carvalho said...

só tenho pena dos milhares de inocentes que morreram sem nada terem a ver com o caso.
os americanos não são melhores que os árabes.

5:17 da tarde  

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