Aulas de substituição
Desde o início do ano lectivo que já fiz várias substituições. Não digo dar aulas porque nunca dei nenhuma aula. Limitei-me a fazer correr o tempo porque me recuso terminantemente a levar material meu para essas aulas (até porque não faço a mínima ideia da turma que vou encontrar). Entretanto, o Conselho Executivo da minha escola decidiu que a partir do dia 20 de Novembro todos os professores tinham que deixar material a ser utilizado, no caso de faltarem. O processo é simples: todas as turmas têm um dossier dividido por disciplinas e os professores são obrigados a deixar em acetato, material em número suficiente a ser utilizado pelo professor que for realizar a substituição. Se eu tiver uma disciplina três vezes por semana tenho que deixar três documentos mesmo que, à partida, não pretenda faltar. Quem não deixar material e falte, terá falta injustificada. Ora, o propósito do meu post não era relatar isto, mas sim mostrar o efeito que esta estratégia surtiu: esta semana não fiz uma única aula de substituição e folheando o livro onde assinamos, verifiquei que nos últimos dias não havia professores a faltar. A minha conclusão é a seguinte: na realidade, há muitos professores a faltar "por dá cá aquela palha", senão como se justifica esta mudança brusca? Já sei que muitos dirão «só agora é que percebeste isso?» ao que eu respondo sim. É que eu tenho por princípio acreditar nas pessoas e julgá-las pelos meus próprios valores e depois sofro valentes decepções. É por estas e por outras que a nossa imagem está de rastos.
Love and ligth!
21 Comments:
Os professores faltarem, ou não, tem a ver com a pessoa em causa, claro, mas também com a escola, o ambiente e, eventualmente, outros factores. Digo isso porque uma das coisas que mais confusão me fez quando os meus filhos passaram do 1º para o 2º ciclo foi o número de faltas que os professores davam. Percebi que naquela escola, 2+3, os professores efectivos eram os do 3º ciclo. Os professores que leccionavam o 2º ciclo eram colocados tardiamente e, provavelmente, vinham de longe. Também notei um ambiente menos simpático entre colegas (que pode haver em qualquer sítio onde se trabalhe). Tudo junto, e mais os miseros euros no fim do mês, dá com que se tenha, com frequência, "dores de cabeça insuportáveis"... (legítimas, digo eu)
P.S. (Antes que me trucidem por dar cobertura às faltas) Eu substituo até as aulas dos feriados (e não sou única aqui)
Só mais uma coisinha, não concordo com as aulas de substituição. Não trazem mais valia nenhuma aos alunos (era esse o objectivo? ou é castigar profs?... ;) )
Taizinha, acho que a ideia era mesmo castigar profs...
Bom fim-de-semana!
Faço copy past do comentário que deixei no blog da Saltapocinhas e do Agostinho (já que o tema é o mesmo): "A minha filha mais nova ( a GiraFlor) seria a pessoa mais indicada para aqui deixar a sua opinião. É aluna do 11º ano e há muito que disse cá em casa, que é contra as aulas de substituição nos moldes em que a maior parte das mesmas funcionam. No entanto também já teve aulas de substituição com professores da mesma área e que aproveitaram a aula para tirar dúvidas e fazer exercícios tendo em vista o próximo teste. Sorte? Talvez, mas jogar cartas, dominó ou falar de outra coisa qualquer, acho uma falta de respeito por quem anda a estudar e por quem anda a pagar esses mesmos estudos.
As faltas injustificadas de professores já é um caso antigo. Mas muitas das vezes isso não é motivado pelo escasso número de horas que são atribuídas e morando esses mesmos professores a quilómetros de distância?
"Se eu tiver uma disciplina três vezes por semana tenho que deixar três documentos mesmo que, à partida, não pretenda faltar. Quem não deixar material e falte, terá falta injustificada."
Quer isto dizer que os professores têm deixados os documentos sempre? Acho estranho...
É, também tenho feito aulas de substituição. as minhas correram mais ou menos bem porque as professoras que faltaram deixaram fichas para os alunos realizare,. Depois, os professores falatm muito... Os que faltam. Em todas as profissões há quem cumpre e quem não cumpre. Porquê falarem dos professores e ainda por cima porem todos no mesmo saco. As aulas de substituição, se forem bem estruturadas, até podem ser positivas, mas quem acaba por ser sempre penalizado são os cumpridores. Quem falta não dá a sua aula, quem não falta dá as suas aulas e dá as dos outros!!! É por estas e por outras que não comemoro nada. Só faço campanhas civícas, este ano, na escola... mais nada além do que sou obrigada!!! O tempo dos carolas acabou!!!
Beijinho, Lu
Agora tocas-te num ponto importante que é o de haver muitos professores que são pura e simplesmente medíocres logo por causa deles paga o justo pelo pecador...
quanto às aulas de substituição acho que o professor que vai dar essa aula deveria dar aula da disciplina dele e há muitas maneiras de tornar uma aula interessante mesmo sem dar matéria.
Pessoalmente sou contra as aulas de substituição. Sou sim a favor que as escolas tenham boas bibliotecas, boas salas de convivio, para que o aluno possa escolhar de uma forma livre como a quer ocupar. Até porque jogar por exemplo xadrez numa sala de convívio, não é uma hora perdida.
Jade,
Há por ai muito professor que falta injustificadamente, mas também existem alturas na vida de uma pessoa em que tudo se complica e os professores, médicos, secretárias, auxiliares e afins têm mesmo que faltar.
Com isto quero dizer-te que temos que acreditar no que nos dizem, mesmo que um ou outro estejam a mentir.
Beijinhos
P.S. - Vou ao norte no fim-de-semana de 8 de Dezembro e gostava de tomar café contigo se possível, achas que tens tempo? Mail: jojoca@sapo.pt
Pessoal,
Há professores que faltam sistematicamente à mesma aula, semana sim, semana não. Este ano, por norma, à sexta-feira vou substituir alguém que falta sistematicamente a essa aula. Não está aqui em causa as faltas que os professores dão. Cada um sabe de si e há Conselhos Executivos para averiguar o que cada um anda a fazer. A minha questão prende-se com a estranha coincidência de os professores terem deixado de faltar a partir do momento que sabem que têm que deixar material. Pode ter sido só uma coincidência, espero bem que sim para que possa continuar a acreditar nos outros.
Professorinha, os dossiers, na sua maioria, estão já prenchidos de material. Desde aí ainda não fiz nenhuma substituição e penso que se for fazer uma e não tiver material tenho que registar o facto, o que não me apetece nada porque parece que andamos aqui a controlar o que cada um faz.
Asbrubal, a tua proposta podia ser plausível mas eu que sou de Filosofia não posso dar Filosofia aos míudos do 7º ano. Ainda que tentasse despertá-los para a reflexão, eles, provavelmente não corresponderiam. Serei sempre contra as aulas de substituição. A escola não é só o espaço da sala de aula... Conviver, brincar, dizer disparates também faz parte do processo de se tornar pessoa.
beijos para todos!
Triste sina a minha falar novamente da classe que mais se tem enterrado nos tempos correntes. Gritam nas ruas "não às aulas de substituição" e mesmo assim faltam descaradamente;
incitam à revolta os alunos, que sem estratégia nenhuma e sem preparação alguma gritam nas ruas que a ministra bebe licor beirão só porque isso rima com mão; pedem para não lhes tirarem a oportunidade de chegar a "tenente major general" só pelos anos que passaram a trabalhar e a aturar alunos, como se isso justamente chegasse !!! enfim ...
Perguntas:
- o problema não existiria se não existissem faltas de profs., correcto? quem substitui ganha por isso € ? quem falta perde € ?
Triste sina ver alunos a dizer que os profs. de substituição os convidam a jogar à sueca, em plena aula, para além de lançarem ataques a ministras e governos, atirando frustrações suas para cima de quem devia estar a aprender e a aproveitar melhor o tempo com um pedagogo!!!! É mesmo como se a cultura da exigência, dinamismo e produtividade fosse coisa de povos caretas e frios, nada coisa de morcões e tipos "amourados", primos dos outros que dançam samba e muito chegados às culturas das cigarras que detestam formigas.
Será que esses mesmos profs. não têm rigorosamente nenhuma preparação pedagógica que lhes permita dar uma aula, por muito material que falte? repara, nem que seja uma dissertação de experiências de vida; de moral; ética; honestidade! ou à falta de inteligência ou moralidade do prof., obrigar os jovens (duas décadas mais novos no mínimo) a ler um capítulo de um livro que tragam na mochila e a recitar na aula um resumo do mesmo. Porra, tanta ideia que me surgiu agora, será que não se lembram de nada mais proveitoso que meter os alunos a jogar às damas ???? raios !!!!
Bjs e love and light miúda
Mais...numa cultura de responsabilidade e responsabilização, as aulas de substituição são um excelente indicador/prenúncio para a melhoria da sociedade, formando os futuros activos profissionais deste país numa cultura de trabalho e dedicação. Muitos dos que faltam ao trabalho com toda a certeza o fazem por experiências passadas, numa óptica cultural de facilitismo absentista isenta de responsabilização.
LOGO, SIM ÀS AULAS DE SUBSTITUIÇÃO E SIM AOS PROFESSORES QUE NÃO FALTAM !
Bom blog.
Olá Jade
Já cá tinha vindo mas ainda não tinha comentado e estava a pensar se o deveria fazer pois estou de fora, tenho a minha opinião mas talvez eu não conheça todo o mecanismo das aulas de substituição e das escolas em geral hoje em dia, por isso, se for dizer uma grande bacorada peço-te que me desculpes.
Eu até concordo com as aulas de substituição na medida em que aquela hora já era suposto eles estarem a ter aulas se o prof não tivesse faltado, ou seja, eles já não estariam a conviver e a brincar. Acho é que elas poderiam ser aproveitadas para fazer os trabalhos de casa, pesquisa (poderiam até ser dadas na biblioteca), para ler (coisa que os miúdos agora quase não fazem), a prepararem actividades para semanas abertas ou dias de comemoração. Se o prof não fosse da mesma disciplina, a sua presença serveria p manter a ordem e ele poderia aproveitar para também organizar as suas coisas na medida do possível.
Felizmente quando estudava não tive muitos profs que faltassem muito, mas os que faltavam eram quase sempre os mesmos o que levava a q a matéria fosse dada à pressa ou q ficasse por ser dada.
Beijitos.
Lois, apesar de concordar com algumas das coisas que tu dizes continuo a dizer não às aulas de substituição! Não que eu me importe de trabalhar mas nunca nestes moldes. Nas substituições que tenho que fazer nunca deixei os alunos jogar às cartas, apenas porque é contra os meus princípios. Se nada houver para fazer (material deixado pelo proferssor) ficam caladinhos a fazer algum tpc ou a ler algo. Era o que mais faltava eu preparar as minhas aulas e ainda ter que preparar as aulas dos outros.
Beijos com saudade!
PS Vou tentar encontrar-te no sítio que tu sabes...
Xica,
As tuas opiniões são sempre muito bem vindas ainda que eu possa não concordar inteiramente com elas. Quando eras aluna, não te sabia bem um feriado?
Muitos beijinhos!
O que me espanta é ainda existir quem queira dar aulas, boa semana.
Olha, so agora venho comentar pq a minha net decidiu boicotar o teu blog e manda me isto abaixo!
mas parece que hoje esta a resultar!
So para te dizer q concordo contigo.
As aulas de substituição ate podem ser proveitosas, se estiverem minimamente orientadas.
Mas chegar a uma turma, que nao e nossa, em que nem sequer sabemos os nomes dos miudos (para os chamar a atençao se for preciso), sem saber o que fazer com eles...e complicado...
Beijitos e ate breve!
Na minha escola não existe essa obrigação de deixar trabalho numa capa, aliás essas capas nem sequer existem. Quando um professor prevê que vai faltar deixa simplesmente trabalho. Caso falte sem estar a contar, os alunos ficam na sala a fazer os trabalhos de casa ou a estudar. E as coisas têm funcionando bem :)
Bjs tb para ti ;)
Venho só deixar um beijito de bom fim de semana.
Parabéns pela clareza e honestidade da análise. Existem professores de muita qualidade nas nossas escolas mas só uma avaliação rigorosa poderá identificar os melhores.
Cumps
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