quinta-feira, abril 26, 2007

Coisas estranhas!

Não voltei a desaparecer! Estou é sem muito tempo porque está aproximar-se a Feira Medieval que a minha escola está a organizar e está a ser complicado gerir tudo ao mesmo tempo. Porém, hoje não podia deixar de partilhar convosco uma situação insólita que encontrei numa das ruas da minha cidade. Ia eu muito descansada a caminhar rua fora, no mundo da lua, como é apanágio dos filósofos quando me deparo com um obstáculo quase intransponível e que me impediu por completo que eu continuasse a minha caminhada. Atravessado no meio do passeio estava um muro construído em tijolo e madeira. Tive que descer o passeio para poder passar e só aí me apercebi que o muro era uma daquelas caixas de electricidade provisórias que alimentam as obras. Constatei que estava uma casa em fase final de acabamentos e, portanto, a caixa só podia pertencer a essa obra. A rua em causa está sempre cheia de carros estacionados junto ao passeio e eu só pensei que se alguém numa cadeira de rodas ou com um carrinho de bébé tentasse passar por ali teria que dar meia volta até encontrar uma brecha para poder descer para a estrada e assim ultrapassar o obstáculo, estrada essa que, ainda por cima, é estreita. Será que não há fiscalização para estas situações? Ou só há fiscais para verificar se o carro está mal estacionado ou se tem lá o bilhetinho de estacionamento? Claro que tirei logo duas fotos com o telemóvel e ainda tive que gramar com um fulano com ar desconfiado a olhar para mim.


Fantástico, não?

Love and ligth!

quinta-feira, abril 12, 2007

Politiquices

Não ando com grande pachorra para aturar polémicas ou falsas polémicas, dependendo da interpretação que cada um faz acerca das habilitações académicas do nosso Primeiro Ministro. Vi cerca de 30 minutos da entrevista que ele concedeu à RTP1 e tirei as minhas próprias ilações que não são, no entanto, o motivo que me leva a escrever este post. Parece-me, porém, ligeiramente ridículo que se tenham gasto 40 minutos (segundo ouvi hoje, porque como disse só vi os primeiros 30 minutos)a debater certificados, datas, terminologias, etc. Parece que são estas as grandes questões da política nacional! Não devo falar muito deste assunto porque, de facto, de política percebo pouco, mas a ideia que tenho é que há uma maneira muito portuguesa de fazer política: não se debate o que é essencial para o país, mas sim o que Fulano fez ou deixou de fazer não sei quando, o que Sicrano disse ou deixou de dizer não sei quando e por aí fora. Há uns tempos largos, no programa Prós e Contras um dos convidados foi o antigo Primeiro Ministro espanhol e quando a determinada altura lhe é perguntado o que tem a dizer sobre a actual governação de Zapatero (não foi bem nestes moldes, mas a essência é esta)o senhor nada disse. Atenção, não nutro nenhuma simpatia especial por Aznar ou Zapatero, mas interrogei-me se um político português agiria da mesma forma ou se, ao invés, não aproveitaria a situação para logo criticar ou achincalhar o seu adversário político. Eu sei que a política é feita por homens (por homens entenda-se o género e não o sexo)e os homens são movidos por paixões, mas por isso é que Platão tinha razão e entendia que a Polis devia ser governada pelos filósofos-reis, os únicos que, abstendo-se das coisas mundanas, estavam em condições de contemplar o Bem e eram, portanto, aptos e dignos para governar a Polis.
Love and ligth!

segunda-feira, abril 02, 2007

Olá!

Não vou começar este post dizendo que estou de volta porque não sei se estou, efectivamente, de volta. Espero que assim seja, até porque tenho tido sinceras saudades deste blogmundo. Diversas razões estão na base do meu afastamento: falta de tempo; uma vontade furiosa de escrever (acrescentei várias páginas à história da Mel e outras); alguma tristeza (uma grande amiga minha casou, um casamento de princesa, e foi viver para fora de Portugal; tenho tantas saudades dela...; uma antiga colega de estágio que aparece na história da Mel morreu o que me chocou muito; soube da morte dela por um amigo e foi como se também um bocadinho da minha vida tivesse morrido com ela); e outras razões, cada uma mais tola do que a outra, ou então sou eu que sou uma tola (mas não será isso o mesmo?)
Fui acompanhando, na medida do possível, os vossos blogs e assim acabei por não sentir tanto a vossa falta, ainda que uma coisa é acompanhar na sombra e outra é interagir convosco através dos comments.
Fica assim assinalado o meu (espero bem) regresso. E que tal se o regresso fosse com mais um capítulo da história da Mel ( agora até estão na moda as blognovelas...)

"Os alunos estão animados com a perspectiva de um dia diferente e ouvem-se grandes gargalhadas no meio de uma algazarra generalizada. Lembro-me que quando andava no secundário também adorava visitas de estudo e, inevitavelmente, eu e as minhas amigas acabava mos sempre por arranjar grandes paixões nessas ocasiões. Depois de circular pelo autocarro fazendo alguns avisos aos alunos do tipo «nada de bebidas» e «não se fuma no autocarro», sento-me junto da Henriqueta e da Luisinha, alunas de Artes da minha orientadora de estágio, e a nós junta-se também o Bruno, o aluno das piscadelas de olhos maliciosas. Falamos de piercings, de tatuagens e de música e num momento de silêncio eu reflicto na razão que me leva a adorar a companhia dos adolescentes em detrimento da companhia dos meus colegas de profissão, mas a resposta para isso já eu sei há algum tempo: interesses comuns. A ideia que eu tenho é que a maior parte dos meus colegas de profissão estão demasiado preocupados em manter uma postura que camufle o seu verdadeiro eu ou então, e essa será a pior alternativa, esqueceram por completo o seu lado mais genuíno e a altura em que também eles eram jovens adolescentes. Mesmo que eu não sentisse uma grande afinidade com os meus alunos, tenho a certeza que, dentro dos possíveis, iria sempre tentar colocar-me no lugar deles e penso que se todos o fizessem, muitas situações desagradáveis e desentendimentos poderiam ser evitados. Por vezes, a falta de aproveitamento dos alunos não está relacionada com as poucas capacidades, mas sim com a desmotivação, interesses paralelos, ambiente familiar degradado ou outro qualquer factor circunstancial e tudo isso tem que ser tido em conta quando se pretende avaliar o perfil de um aluno. No entanto, esta tarefa não é fácil porque com uma média de trinta alunos por turma torna-se muito complicado para o professor fazer um acompanhamento mais individualizado dos alunos. Volto à realidade porque o Bruno, descarado como sempre, me entreabre ligeiramente o casaco de gsnga. Pergunto-lhe logo o que é que ele pensa que está a fazer e ele diz-me para eu «não stressar» porque ele só quer ver a minha sweat-shirt. Continua a falar e diz que não me vai mais chamar «s'tora» porque afinal eu não sou professora dele. Eu fico mais ou menos alarmada e digo-lhe que não é bem assim porque, na verdade, quando há regências eu vou dar aulas à turma deles. Ele deita-me um olhar desdenhoso e atira-me - Pensei que eras diferente! Não me digas que ligas a essa merda de títulos?!
A Henriqueta e a Luisinha repreendem-no, quase em uníssono - Oh Bruno, francamente!
Eu decido que não vou passar por enjoada - OK, eu não me importo que vocês me tratem por Mel.
O Bruno passa a mão pelos seus compridos e encaracolados cabelos negros, como se os estivesse a acariciar, e sinto que o olhar dele me percorre todo o corpo. Acabamos por cruzar os olhares e há algo no seu rosto que eu não consigo muito bem definir: desafio, talvez? Ao fim de uns breves segundos a sua expressão altera-se e lança-me um sorriso que deixa a descoberto uma fileira de alvos dentes.
O resto da viagem decorre sem incidentes e chegados a Lisboa visitamos o que estava programado e ao final do dia, antes de partirmos de regresso a Coimbra, instalamo-nos numa esplanada. A maior parte dos alunos está por ali e a Henriqueta lança um olhar de desprezo ao grupo do Joka, que está acompanhado pela namorada, e comenta com a Luisinha que os «betinhos» chegaram. Eu pergunto-lhe o porquê daquela implicância.
- Mel, já viste aquilo? Nitidamente, filhinhos do papá.
Aquilo soa-me um bocado a dor de cotovelo e resolvo aprofundar a questão para tentar desfazer aquela impressão - Ah, e vocês também não são filhinhos do papá?
- Eles pertencem a outra tribo - observa a Luisinha.
- Que tribo? À grande tribo humana, queres tu dizer - contraponho eu - Já falaste com algum deles?
Ela abana a cabeça e eu continuo - Estás a ver? Olha, o Joka é muito fixe!
- Quem? O Joka, Joka? - pergunta a Henriqueta.
Dá-me vontade de rir porque em dois dias é a segunda vez que alguém se refere a ele assim - Sim. Eu acho-o muito simpático.
Elas olham as duas em direcção ao sítio onde ele está sentado e riem-se - Nós também o achamos muito simpático, Mel - acrescenta a Luisinha.
- Vocês são terríveis!
- Dizem que o Joka é fixe, mas aquela namorada dele deve ser uma frívola - diz a Henriqueta.
Eu não acredito que ele possa namorar com alguém assim e penso que é a sina das mulheres bonitas serem apelidadas de burras ou supérflua.
Elas continuam a trocar impressões entre si sobre o grupo dos «betinhos» até que a Luisinha me pergunta - Se tivesses que escolher, qual preferias? O Bruno ou o Joka?
Quase que me engasgo com um gole de Coca Cola que tinha acabado de beber. Tusso e finalmente pergunto - Escolher como?
- Assim, a nível físico.
Calo-me sem saber o que responder e se devo responder. A imagem do Bruno surge-me imediatamente, como por magia, e eu penso que gosto bastante do aspecto irreverente dele. olho para o Joka que se encontra quase de frente para mim e registo na retina os seus gestos: a forma como ele pega na garrafa de água e a leva aos lábios, a maneira como se recosta na cadeira, ouvindo atentamente a conversa, e o jeito aparentemente descuidado com que as madeixas louríssimas do seu cabelo lhe caem sobre os olhos. Não me apetece desviar o olhar dele e imagino que se pudesse, ficava a tarde toda sentada naquela esplanada a contemplá-lo.
- Então Mel? Quem escolhias? - volta a perguntar a Luisinha.
Mil pensamentos atravessam-me o espírito e eu penso que devo estar completamente maluca, mas sem hesitar respondo - O Joka, sem sombra de dúvida."
Love and ligth!